Artigo - Considerações sobre a educação na perspectiva marxiana

A “história da humanidade”

deve sempre ser estudada e elaborada

em conexão com a história da indústria e das trocas.

(Marx e Engels)

O tema da educação não ocupou um lugar central na obra de Marx. Ele não formulou explicitamente uma teoria da educação, muito menos princípios metodológicos e diretrizes para o processo ensino-aprendizagem. Sabemos que sua principal preocupação fora o estudo das relações sócio-econômicas e políticas e seu desenvolvimento no processo histórico. Karl MarxEntretanto, a questão educacional encontra-se inevitavelmente enredada em sua obra. Existem alguns textos que Marx, juntamente com Engels, redigiu sobre a formação e o ensino em que a concepção de educação está articulada com o horizonte das relações sócio-econômicas daquela época. Assim, para compreendermos qual sua perspectiva na análise do fenômeno educativo precisamos passar pelo seu modo de compreender a sociedade. Na seqüência, nosso propósito é pontuar algumas das questões que, em nosso entender, chamam a atenção para uma re-leitura de Marx e Engels, hoje, no âmbito educacional.

O ponto de partida da história, para Marx, é a existência de seres humanos reais que vivem em sociedade e estabelecem relações. Para ele a essência do homem é o conjunto das relações sociais. Assim, a corporeidade natural é uma condição necessária mas não suficiente. A humanização do ser biológico e específico só se dá dentro da sociedade e pela sociedade. Gadotti (1984) nos lembra que, para Marx, o homem não é algo dado, acabado. Ele é processo, ou seja, torna-se homem e, isto, a partir de duas condições básicas: a) ele produz-se a si mesmo e, ao fazê-lo, se determina como um ser em transformação, como o ser da práxis e; b) esta realização só pode ter lugar na história.

O que distingue o ser humano dos outros animais, conforme Marx, é o fato de ele, num dado momento da história, começar a produzir os seus próprios meios de existência. O que o ser humano é coincide com “o que” e “como” ele produz. Ao contrário de Hegel, para quem a consciência determina a vida concreta, real; em Marx é a vida concreta e real que determina a consciência. Assim, “O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de sua produção” (MARX; ENGELS, 1999, p. 28).

Deduz-se desta perspectiva que, para a compreensão do processo educativo, deve-se compreender aquele (processo) pelo qual os seres humanos produzem a sua existência, isto é, o processo produtivo, o mundo do trabalho e o âmbito de suas relações. Para essa análise é preciso recorrer à situação da divisão do trabalho, o que permite considerar o grau de desenvolvimento das forças produtivas de uma sociedade. Assim, podemos tomar como exemplo a divisão entre campo e cidade, entre trabalho comercial e industrial. A divisão do trabalho conduz a diferentes interesses ocasionando até mesmo interesses opostos.

O advento da propriedade privada provocou um mudança decisiva na divisão do trabalho. A partir da divisão do trabalho em trabalho manual e trabalho intelectual surgem outras dicotomias: gozo e trabalho, produção e consumo, miséria e opulência. Estas dicotomias originam um conflito de interesses: o individual versus o coletivo, o público e o privado.

Marx e Engels (1999, p. 46) apontam para as conseqüências desta divisão: “(...) com a divisão do trabalho fica dada a possibilidade, mais ainda, a realidade, de que a atividade espiritual e a material – a fruição e o trabalho, a produção e o consumo – caibam a indivíduos diferentes; e a possibilidade de não entrarem estes elementos em contradição reside unicamente no fato de que a divisão do trabalho seja novamente superada”.

Aquele caráter edificante, socializante e humanizante do trabalho, onde o indivíduo constrói-se na inter-relacão com os demais indivíduos, desfaz-se sob a economia capitalista, pois o ser humano passa a representar uma força de trabalho que é vendida aos proprietários dos meios de produção como aparente garantia de sua sobrevivência. A vida torna-se, assim, um simples meio de vida. Como conseqüência disso temos aquilo que Marx denominou como alienação, isto é, o trabalho que o ser humano realiza produz objetos que não lhe pertencem e, além disso, voltam-se contra ele como estranhos. A diferença entre o que ele produz e o que ele é na vida cotidiana aumenta cada vez mais. O trabalho torna-se cada vez mais alheio ao trabalhador. Quanto mais o trabalhador produz, mais ele nega-se a si mesmo, mais arruína-se física e espiritualmente.

A propriedade privada, portanto, constitui a base de todo o processo de alienação. O conceito de alienação mostra concretamente o que impede o desenvolvimento do ser humano e como se pode ultrapassar tais impedimentos. Nos Manuscritos Econômico-filosóficos Marx afirma que a superação da propriedade privada significa a emancipação plena de todos os sentidos e qualidades humanos.

A educação, na sociedade capitalista, é, segundo Marx e Engels, um elemento de manutenção da hierarquia social; ou o que Gramsci denominou como instrumento da hegemonia ideológica burguesa. A igualdade política é algo meramente formal e não passa de uma ilusão visto que a desigualdade social é concreta e inequívoca. Atualmente a situação não parece ser muito diferente daquela vivida e descrita por eles.

No entanto, uma das possibilidades de viabilizar a superação das dicotomias existentes e da emancipação do ser humano reside na integração entre ensino e trabalho. A esta integração eles designam ensino politécnico ou formação omnilateral. Por meio desta educação omnilateral o ser humano desenvolver-se-á numa perspectiva abrangente isto é, em todos os sentidos. Conforme Gadotti (1984, p. 54-55) “A integração entre ensino e trabalho constitui-se na maneira de sair da alienação crescente, reunificando o homem com a sociedade. Essa unidade, segundo Marx, deve dar-se desde a infância. O tripé básico da educação para todos é o ensino intelectual (cultura geral), desenvolvimento físico (ginástica e esporte) e aprendizado profissional polivalente (técnico e científico).”

Marx e Engels não só indicaram freqüentemente que o trabalho físico sem elementos espirituais destrói a natureza humana como, também, que a atividade intelectual à margem do trabalho físico conduz facilmente aos erros de um idealismo artificial e de uma abstração falsa. Logo, a união entre os dois dá um caráter integral à educação e tomará o lugar da formação unilateral, especializada e alienada.

Assim, o ensino aparece como instrumento para o conhecimento e também para a transformação da sociedade e do mundo. Este é o potencial e o caráter revolucionário da educação. O proletariado, por si só, não conquista sua consciência de classe, sua consciência política, justamente pelo fato de ter sido privado desde o início dos meios que lhe permitiriam consegui-lo. Por isso, há a necessidade de um processo educativo pautado em um projeto político e pedagógico definido e voltado aos interesses da grande maioria excluída. Aí é que surge o papel estratégico da escola, dos educadores e intelectuais, os quais, em nosso entender, são decisivos para a construção da consciência de classe do trabalhador.

Acreditamos que é extremamente pertinente a concepção educativa de Marx e Engels, visto que sua proposta recupera o sentido do trabalho enquanto atividade vital em que o homem humaniza-se sempre mais ao invés de alienar-se e a educação é concebida, não como instrumento de dominação e manutenção do status quo mas, como processo de transformação desta situação.

A obra destes autores constitui uma crítica fundamental à concepção burguesa do ser humano e de educação. Às concepções metafísicas e idealistas, que são fundamentalmente conservadoras, estes pensadores opõem a concepção materialista, histórica e dialética, isto é, interessaram-se pelo ser humano real em carne e osso, por seus problemas enquanto vivem em sociedade, visando uma transformação positiva e humanizante. Esta concepção dialético-histórica do ser humano toma como premissa fundamental o fato de ele não ser um dado, mas essencialmente um construir-se. Deste modo, a educação deve vir para corroborar esta construção que não é meramente teórica ou abstrata, mas real, prática.

Na sociedade capitalista contemporânea a educação reproduz o sistema dominante tanto ideologicamente quanto nos níveis técnico e produtivo. Na concepção socialista, a educação assume um caráter dinâmico, transformador, tendo sempre o ser humano e sua dignidade como ponto de referência. Uma educação omnilateral é o que continua fazendo falta em nossa sociedade. O atual sistema educativo, sobretudo no Brasil, vem confirmando o que se diz sobre reprodução, exclusão e dominação. Projetos político-pedagógicos até existem e são propostos, mas são postos em andamento aqueles que legitimam o sistema e não representam para ele uma ameaça.


Bibliografia

GADOTTI, Moacir.Concepção dialética da educação: um estudo introdutório. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1984.

MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. 11. ed. São Paulo: Hucitec,


http://www.espacoacademico.com.br/044/44pc_santos.htm

Fonte -

Dica : Feira de livros - Pinda: Biblioteca do Bosque realiza 3ª Feira do Livro


Após o sucesso de duas edições em março e maio, a Prefeitura de Pindamonhangaba realiza a terceira feira do livro na Biblioteca Pública Municipal "Ver. Rômulo Campos D´Arace", no Bosque.

Desta vez, o evento vai ocorrer entre os dias 20 e 21 de agosto das 8h às 17h. Cada livro poderá ser trocado por outro. Já os exemplares que serão vendidos, o preço varia de R$1 a R$30. O valor será revertido para projetos internos da biblioteca. Além de livros, é possível realizar troca de cd’s, dvd’s, vhs’s, revistas e jornais. “Quem tiver interesse em vender os exemplares na biblioteca deve nbos procurar aqui na unidade do Bosque até a próxima quinta-feira dia 11.”, explica Carmem Lídia Rodrigues, Coordenadora de Bibliotecas.

Neste dia somente a Biblioteca do Bosque ficará aberta à população e não haverá cadastramento de leitores. Mas para ter acesso ao acervo é preciso comparecer em qualquer biblioteca da cidade com duas fotos 3x4, comprovante de residência e RG. O livro pode ficar com o leitor por sete dias e pode ser renovado por mais sete. A renovação pode ser feita de três formas: telefone, pelo site da Prefeitura (www.pindamonhangaba.sp.gov.br) ou pessoalmente.

A Biblioteca funciona de segunda a sexta-feira das 8h às 17h e está localizada na Ladeira Barão de Pindamonhangaba, s/n, Bosque. Informações pelo telefone 3645-1701.

Fonte da Noticia -


BIBLIOTECA PÚBL. MUNIC. "VER. RÔMULO C. D'ARACE"
Criada através  da  Lei   nº  14, de 13 de fevereiro de 1941.
 A Biblioteca além  de ser um local para pesquisas, consultas, sala de leitura, ainda promove: Mini Sebo (troca e venda de livros e revistas usadas), reuniões da Academia Pindamonhangabense de Letras, Concurso Nacional e Internacional de Trovas da UBT-União  Brasileira de Trovadores e a Hora do Conto.

VER. RÔMULO CAMPOS D'ARACE:
Veio para  Pindamonhangaba com 2 anos de idade. Foi Técnico em Laticínio no "Haras Paulista", formou-se em Jornalismo.
Foi um dos fundadores da Rádio Difusora de Pindamonhangaba (onde atuou como Radialista e redator do Jornal Radiofônico Difusora), do Jornal "7 Dias" e do Rotary Club de Pindamonhangaba. 
 Dentre seus muitos trabalhos escritos, deixou o livro "O Retrato da Princesa do Norte".
Tornou-se Vereador em 1952.  
Tel: 3645-1701 / 3643-2399
Ladeira  Barão de Pindamonhangaba S/N - Bosque da Princesa

Creditos da imagem - Portal R3

Creditos da foto - Portal R3


Eu também estarei participando da feira no sábado, dia 19.Irei vender  vários livros da minha coleção pessoal : clássicos, psicologia, espiritismo, literatura internacional, arte, auto ajuda, entre outros.
É uma ótima oportunidade para adquirir bons livros a preços ótimos e fazer novas amizades !

Dica de Video - Entrevista exclusiva: Zygmunt Bauman


Entrevista exclusiva: Zygmunt Bauman from cpfl cultura on Vimeo.


A CPFL Energia e o Fronteiras do Pensamento têm a honra de apresentar um depoimento exclusivo em vídeo do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, gravado em sua casa na cidade de Leeds, Inglaterra, no dia 23 de julho de 2011, pela equipe da CPFL e do Fronteiras.

É uma honra compartilhar o pensamento deste que é um dos mais relevantes pensadores contemporâneos e uma especial satisfação para nós da cpfl cultura, pois Bauman é uma das principais referências conceituais de nosso café filosófico.

Bauman nos motivou a encarar um grande desafio contemporâneo: entender as mudanças que o advento da modernidade líquida produz na condição humana. E esse desafio orienta a agenda de discussões do café filosófico cpfl, programa no qual repensamos os velhos conceitos que costumavam cercar as narrativas de nossas vidas. Aprendemos com Bauman a tratar com rigor conceitual - reconhecendo a fluidez entre os laços, entre os conceitos e os saberes - temas que ainda não haviam conquistado um estatuto acadêmico claro, como o amor, o medo e a felicidade.

Oferecemos a você este vídeo em que Zygmunt Bauman fala de expectativas para o século XXI, internet, a necessidade de construção de políticas globais, a construção de uma nova definição de democracia, entre outros temas.



Fonte -
http://vimeo.com/27702137

Dica de Video - Constituição Cidadã: Constituição Brasileira entra em vigor (1988)