O tema do programa Primeiro Plano deste sábado (16) é corrupção. Quem fala sobre o assunto é o historiador e professor universitário Marco Antonio Villa. O programa vai ao ar, à noite, logo  após a série Sobrenatural.
Diante de uma avalanche de denúncias, prefeitos atrás das grades, ministros por denúncias de atos ilícitos, surgem algumas dúvidas: Será que não tem mais jeito? A corrupção já está no DNA dos governos brasileiros? Como funciona a engenharia da corrupção no Brasil?
Indústria da Corrupção
Para o professor Marco Antonio Villa, ainda existem muitos políticos honestos “em todos os partidos”, mas o Brasil criou a “corrupção socializada”.
“Os volumes vão ficando cada vez maiores, é uma espécie de socialização da corrupção. Uma invenção tipicamente brasileira. Nós temos várias coisas nacionais. Jabuticaba, tal.. e tem essa a corrupção socializada, em que todos ganham. Então, no caso da prefeitura, ganha o prefeito, ganha o secretário, ganha o funcionário, o dono da empreiteira. Aí no caso que envolve remédios, ganha o do laboratório, o vendedor”.
“Aí depois é o prefeito é acusado, ganha o advogado. Em Brasília, tem escritórios de jornalistas que assessoram políticos em época de crise, quando é feita a acusação de corrupção, então você socializa e paga também o escritório. Isso virou uma indústria. É uma coisa trágica. Nós temos uma verdadeira indústria da corrupção”, explicou.
Loteamento de Cargos
Marco Antonio Villa também criticou a divisão de cargos nos governos brasileiros e disse que esta “é uma outra invenção brasileira”.
“Você achar que pra governar precisa entregar o estado pra ser saqueado por políticos corruptos, isso é um verdadeiro absurdo”, criticou.
Impunidade
O historiador ainda afirma que é a impunidade “que faz que a corrupção seja um assunto cotidiano do Brasil”. Ele também destacou a responsabilidade do eleitor nos escândalos de corrupção e o papel da imprensa.
Fraude na Petrobras
Villa citou exemplos como a queda dos ex- ministros Antonio Palocci (Chefe da Casa Civil) e Alfredo Nascimento (dos Transportes).
“As acusações que envolvem o governo são muito graves. E isso não fica só na União, fica nos estados e também não só nos estados, envolve também as prefeitura e envolve senadores”, disse para depois comentar o caso envolvendo o senador cearense Eunício Oliveira, em que uma empresa de propriedade do peemedebista é acusada de fraudar contrato de R$300 milhões com a Petrobras.
“Quando você abre o jornal e vê uma licitação da Petrobras - nós não tamos falando de uma empresa mixuruca, nós estamos falando de uma das maiores empresas do mundo -, é fraudada uma licitação e ninguém sabe. O que causa estranheza é o seguinte: Como é que você vai fraudar uma licitação da Petrobras e ninguém sabe?”, questionou.
Marco Antonio Vila destaca ainda que: “A Petrobras, como outras empresas estatais, elas foram loteadas, viraram, usando uma expressão popular, a casa da mãe Joana”, disparou.
Venda de sentenças
Polêmico, Marco Antonio Villa falou ainda sobre o Pode Judiciário. Segundo ele, os poderes Legislativo e Executivo são ruins, mas pelo menos são transparentes, enquanto o Judiciário brasileiro não permite um acompanhamento claro.
“Ninguém vê o poder Judiciário. Nós temos um poder Judiciário em que o STJ, o Superior Tribunal de Justiça, vende sentenças. Teve juiz, inclusive que foi aposentado agora, que vendia sentença. Tem desembargador que vende sentença, um inclusive que censura o jornal O Estado de S. Paulo (…) Eles invertem a lógica. Você não pode dizer que o político é corrupto porque senão ele te processa e tem advogados caríssimos par fazer isso”, disse

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