Para Realmente Aprender, Pare de Estudar e Comece a Fazer Testes

Fazer um teste não é apenas um mecanismo passivo para avaliar o quanto as pessoas sabem, de acordo com uma nova pesquisa. Ele realmente ajuda as pessoas a aprender, e ele funciona melhor do que uma série de outras técnicas de estudo.

A pesquisa, publicada quinta-feira na revista Science, descobriu que os estudantes que lêem uma passagem e, em seguida, fazem um teste com perguntas para que recordem o que leram, retêm mais cerca de 50 por cento da informação, uma semana depois, do que os alunos que utilizaram dois outros métodos .

Um desses métodos - repetidamente estudar o material - é conhecido de uma legião de estudantes que concentram os estudos antes dos exames. O outro método - desenhar diagramas detalhados documentando o que estão aprendendo - é valorizado por muitos professores, porque obriga os estudantes a fazer conexões entre os fatos.

Estes métodos não só são populares, disseram os pesquisadores, mas também parecem dar aos estudantes a ilusão de que sabem o conteúdo melhor do que de fato sabem.

Nos experimentos, os alunos foram convidados a prever o quanto eles se lembrariam do conteúdo uma semana depois de usar um dos métodos para aprender a matéria. Aqueles que fizeram o teste depois de ler a passagem previram que iriam se lembrar menos do que os outros estudantes haviam previsto - mas o resultado foi exatamente o oposto.

"Eu acho que a aprendizagem tem tudo a ver com a recupereação (acesso) àquilo que aprendemos, tem tudo a ver com a reconstrução de nosso conhecimento", disse o autor do estudo, Jeffrey Karpicke, um professor assistente de psicologia na Universidade de Purdue. "Acho que estamos tocando em algo fundamental sobre como funciona a mente quando falamos de recuperação."

Vários cientistas cognitivos e especialistas em educação disseram que os resultados foram surpreendentes.

Os alunos que fizeram os testes podem "reconhecer algumas lacunas em seu conhecimento", disse Marcia Linn, professora de pedagogia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, "e podem rever as idéias no fundo de suas mentes ou na parte frontal".

Quando perguntados, mais tarde, sobre o que aprenderam, continuou ela, conseguem mais facilmente "recuperar e organizar o conhecimento que têm de uma forma que faça sentido para eles."

Os pesquisadores alistaram 200 estudantes universitários em dois experimentos, instruindo-os a ler alguns parágrafos sobre um assunto científico - como funciona o sistema digestivo, por exemplo, ou os diferentes tipos de tecido muscular dos vertebrados.

No primeiro experimento, os alunos foram divididos em quatro grupos. Uma apenas leu um texto por cinco minutos. Outro estudou o trecho em quatro sessões consecutivas de cinco minutos.

Um terceiro grupo elaborou "mapas conceituais", nos quais, com o trecho a sua frente, organizaram a informação contida no trecho a em uma espécie de diagrama, anotando detalhes e idéias em balões feitos a mão e ligados de forma organizada.

O último grupo fez um teste de "recuperação de conhecimento". Sem o trecho a sua frente, escreveram o que lembravam, em um ensaio livre, por dez minutos. Depois releram a passagem e fizeram mais um teste de prática de recuperação de informação.

Uma semana depois, todos os quatro grupos fizeram um teste com respostas curtas, que avaliou sua habilidade de recordar fatos e tirar conclusões lógicas baseadas neles.

No segundo experimento, focado apenas em mapas conceituais e testes de práticas de recuperação. Cada aluno fez um exercício, cada um usando um método. Nesta fase inicial, os investigadores relataram, os alunos que fizeram diagramas ao consultar o trecho incluíram mais detalhes do que os alunos convidados a recordar o que tinham acabado de ler em um ensaio.

Mas quando eles foram avaliados uma semana depois, os alunos do grupo de testes teve desempenho muito melhor do que o dos mapeadores. Deram-se ainda melhor quando foram avaliados não com um teste de resposta curta, mas com um teste que exige que se desenhe um mapa conceitual, usando apenas a memória.

Por quê os testes de recuperação funcionam ainda é desconhecido. Talvez seja porque, ao lembrar as informações que estão sendo organizadas, criamos pistas e conexões que os nossos cérebros, depois, reconhecem.

"Quando você está recuperando algo da memória de um computador, você não muda nada - é a reprodução simples", disse Robert Bjork, um psicólogo da Universidade da Califórnia, Los Angeles, que não estava envolvido com o estudo.

Mas "quando usamos nossa memória, recuperando as coisas, nós mudamos o nosso acesso" à que a informação, o Dr. Bjork disse. "O que recuperamos se torna mais recuperável no futuro. Num certo sentido, você está praticando o que você vai precisar fazer mais tarde. "

Pode ser também que a luta envolvida na recordação ajude a reforçár o que está sendo recuperado em nossos cérebros.

Talvez seja também esse o motivo que explica por que os alunos que fizeram testes de prática de recuperação se mostraram menos confiantes sobre seu desempenho uma semana depois.

"O esforço ajuda a aprender, mas faz você sentir que não está aprendendo", disse Nate Kornell, um psicólogo na Williams College. "Você sente assim:"Não sei a matéria tão bem. Isso é difícil e eu estou tendo dificuldades para chegar a esta informação. "

Em contrapartida, ele disse, ao reler textos e possivelmente até mesmo esquemas de desenho (mapas)", você diz: 'Ah, isso é mais fácil. Eu li isso já. "

O estudo de Purdue apoia os resultados de uma recente série de pesquisas mostrando os benefícios da aprendizagem de testes, incluindo benefícios quando os estudantes erram perguntas. Mas, ao comparar os testes com outros métodos de estudo, o estudo vai mais longe.

"Está um nível acima, porque faz o contraste com mapas conceituais, que muitos educadores pensar ser o padrão-ouro", disse Daniel Willingham, professor de psicologia na Universidade da Virgínia. Embora "não seja totalmente óbvio que esteja prontinho – ou seja, é só colocar na sala de aula e vai funcionar -, para os educadores isso deveria ser um fato importante. "

Howard Gardner, professor de educação na Universidade de Harvard que defende o construtivismo - a idéia de que as crianças devem descobrir a sua própria abordagem para a aprendizagem, enfatizando o raciocínio sobre a memorização - disse em um e-mail que os resultados "lançam um desafio aos educadores progressistas, inclusive a mim".

"Os educadores que adotam abordagens aparentemente mais ativas, como mapas conceituais", continuou ele, "foram desafiados a conceber medidas de resultados que possam demonstrar a superioridade de tais abordagens construtivistas".

Testes, é claro, são uma questão altamente carregada em educação, atraindo muitas críticas de que promovem uma aprendizagem fragmentada, de que consome um tempo precioso para aprender coisas novas e de que provoca ansiedade excessiva nos alunos.

"Mais testes não é necessariamente melhor", disse Linn, que disse que seu trabalho com os distritos escolares da Califórnia descobriram que estudantes pedindo para explicar o que fizeram em um experimento científico, em vez fazê-los simplesmente realizar os experimentos práticos - um versão de testes de recuperação de informação- foi benéfica. "Alguns exames não são apenas oportunidades de aprendizagem. Precisamos de um tipo diferente de testes dos que nós temos atualmente. "

Dr. Kornell disse que "embora a curto prazo possa parecer um desperdício de tempo," a prática de recuperação de conhecimento parecem fazer as coisas ‘grudarem’ de uma maneira diferente do que ocorre na sala de aula.

"Isso vai durar para o resto de seus anos escolares e, potencialmente, para o resto de suas vidas."


Fonte da tradução -

http://educhoices.org/

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